Légba
É o guardião dos templos e casa particulares. Légba, èsù- elégbára entre os Fon do ex-Daoméaldeias, montado em um montículo de barro em forma de um homem acocorado, de onde sai um enorme falo ereto. Esse falo ereto nada mais é do que a afirmação de seu caráter truculento e atrevido mostrando seu desejo de chocar o decoro. Em Porto Alegre, assim como no Benim se encontra assentamentos de Légba, entre outros fundamentos, confeccionado em madeira; um dos grandes escultores de Légba foi o babalorixá Máximo do Odé.
Os Légba, guardiões dos templos de Hevioso, vodun do trovão, e de Sapata, vodun equivalente a Xapanã( Sànpònnà) dos iorubás, manifestam-se através de Légbasi, equivalentes a Olúpòna, durante as cerimônias celebradas para este vodun.
Para entender a origem de Légba precisamos saber o significado de Vodum, Vodun, Vodu, Voo doo: são termos que se referem aos vários ramos de uma tradição religiosa baseada nos Ancestrais que tem suas raízes primárias entre os povos Ewe-Fon do Benim, onde é hoje a religião nacional, com mais de sete milhões de adeptos. Além da tradição Fon do Daomé que permanecem na África, existem tradições que lançaram raízes no Novo Mundo durante a época do tráfico transatlântico de escravos (século XVI a XIX) e que existem até hoje, como o Candomblé baiano, o Batuque do Rio Grande do Sul, o Tambor de Mina do Maranhão, o Xangô de Pernambuco, o Vodu Haitiano, a Santeria Cubana, o Vodu da Luisiana (USA) etc. “Vodun” pode designar tanto religião quanto espíritos nestes rituais.
A língua Ewe é uma das línguas Kwa falada por cerca de três milhões de pessoas, principalmente em Gana, Togo e Benim, regiões onde o culto ao Vodun Legba é intenso. Tanto a língua quanto aos escravos que a falavam, são tradicionalmente conhecidos no Brasil sob os nomes Jeje, Gegê, ou ainda Jeje-Nagô.
Na cultura africana, os mitos incorporam reflexões filosóficas, expressam valores e identificam padrões morais, Légba representa um dos mais importantes Voduns no panteão africano de origem Fon do antigo Daomé, Gana e Togo; é conhecido como Exu entre os iorubás, onde faz praticamente a mesma coisa, em Cuba é conhecido como Elegguá, no Haiti como Papa Légba, serve de guardião de aldeias, cidades e templos, além disso, ele permite a comunicação entre os humanos e o mundo espiritual; no culto Vodun os espíritos dos mortos não são capazes de habitar o corpo de alguém sem a permissão de Légba.
Légba é o Vodun das portas e entradas, dos portões e dos caminhos, das encruzilhadas e das feitiçarias. Ele é o protótipo solar e arquétipo mágico. Adora o sol como força que dá vida, é o sol, o Oriente, o lugar onde a vida é criada e a magia controlada. Como o tal Légba é chamado de Légba-jí, “o Vodun da criação”. Ele é saudado primeiro ao dar boas vindas aos deuses ou mistérios, para que possa abrir as portas e deixar os outros entrarem. Légba também atua como um condutor dos espíritos nas cerimônias Vodun; é o guardião das encruzilhadas e o mestre das rodovias.
As encruzilhadas simbolizam a união das forças astrais verticais com horizontais, então Légba controla a magia astral dos deuses.
Légba recebe as ofertas dos devotos nas encruzilhadas, controla os fluidos da terra, incluindo sangue e circulação. Anatomicamente, Légba representa vértebras, ossos e medula óssea simbolizados pelo pilar central, a espinha dorsal do ser humano. Sua permissão deve ser obtida para que qualquer outro Vodun funcione.
As lendas contam que Olorum, o criador, estava doente e todos os esforços dos Orixás não tiveram sucesso. Légba, ainda criança, pediu para ver Olorum, e deu-lhe uma mistura de ervas que o curou em poucas horas. Em agradecimento, Olorum decretou que Légba era o deus a ser homenageado em primeiro lugar nas cerimônias, deu à ele as chaves de todas as portas e o tornou dono das estradas, este Itan remete diretamente Légba ao Exu (Bará) dos iorubás.
Nenhuma cerimônia no Brasil começa sem primeiro pedir a Exu proteção e permissão para invocar os outros Orixás. Feitiços malignos precisam da ajuda de exu para terem sucesso.
Légba na África Ocidental é um Vodun precursor. É o Vodun do bem e do mal. Geralmente instalado na entrada da aldeia, afasta todos os maus espíritos. É invocado antes de qualquer cerimônia para garantir a calma e o bom andamento do ritual. É representado em um montículo de barro com atributos sexuais exorbitantes. Entre os Fon e Ewe, Légba possui um aspecto eminentemente fálico, e seus iniciados, os Legbasi, transportam os sacra (assentamento) de Légba, composto de uma complexa parafernália na qual predominam cabaças e pequenas esculturas fálicas, para onde quer que forem e vestem saieta de ráfia tingida de roxo. Carregam ainda um falo esculpido em madeira (ogo). Légba é encontrado em todos os templos, pois é ele quem abre o caminho para os demais Voduns poderem entrar.
Abaixo mostramos as rezas de Légba encontradas em Cuba:
